Quando pensamos em uma implementação de sistemas de gestão como um ERP, a primeira coisa que nos vem na mente e que ouvimos de consultores de sistemas relacionado a Manufatura é: “Manufatura é praticamente Padrão é só configurar o processo !”, Lista de Materiais, Roteiros ou Receitas, Centros de Trabalhos, Versão de Produção, etc, tudo já está dentro do SAP é só uma questão de entender o processo e configurar adequadamente os paramentros do sistema e pronto ! Será ?
Garanto que é bem difícil afirmar que tudo é Standard. E não é só questão de adequar o processo atual ao ERP para evitar customizações, é relamente questão de entender as especificações do processo em seus detalhes. Em uma experiência recente tive que explicar, desenhar, especificar e explicar novamente (muitas vezes) um dos processos de nossas fábricas, que para mim é um processo único, que nunca vi outro tipo de produto igual. A linha de produção trabalha com uma suposição do Produto Acabado que vai sair baseado em estatística da combinação da matéria-prima com o processo utilizado. No final você pode atingir ou não o Produto Acabado original da Ordem de Produção, pode atingir mais de um Produto Acabado incluindo o Original, ou até não atingir o original. Mas no final todos os código de Produtos Acabados tem que ir para o inventário e ter os seus devidos custos calculados perfeitamente, com o rateio proporcional da matéria-prima e horas de processo utilizadas. Pergunto, isso é Standard em algum ERP ? Não que eu tenha conhecimento em meus anos de implementação.
Construir um Template Global é sempre um desafio. Por mais que a área de negócio seja a mesma, cada produto tem seu processo, seus detalhes, que fazem o desenho do Template ficar trabalhoso, ou como dizemos na linguagem corporativa, robusto. Acredito na idéia de Padronizar ao máximo, de desafiar o dia-a-dia, em questionar o porque fazemos aquilo daquela maneira (a resposta geralmente é sempre foi assim). Realmente vejo ganhos de escala quando se olha de um nível mais alto na criação e utilização de um só template para várias empresas, filiais e depósitos de um mesmo Grupo. Principalmente sendo um profissional de IT, consigo enxergar em termos de manutenção, otimização de licenças, suporte e capabilidades do sistema, a implementação centralizada e única trás muitos ganhos.
Muito além de implementar um Template Global, temos que entender alguns pontos críticos que podem fazer da implementação um sucesso ou um fracasso, temos que analisar e prever o que estamos tendo de ganho e o estamos trazendo de impacto para o cenário atual.
Nessa série de artigos sobre a implementação de um ERP na Manufatura, vamos falar sobre diversos temas, entre eles:
– Entender os sistemas legados correntes e sua integração com o ERP
– Entender o Roadmap de sistemas Futuro (Short Term) e tomar decisões sobre o que fazer
– Como a tecnologia e sua utilização podem minimizar os impactos de uma implementação
– Qualidade e rastreabilidade acima de tudo
– Garantir o entendimento dos novos processos em todos os níveis da organização
– Trabalhar com SMEs para o melhor desenho e melhor maneira de implementar um processo
– Change Management e Comunicação – Importante desde o começo
Até a próxima!
Abraço,
Filipe Schmidt